Frase da Semana

"A verdadeira perfeição do homem reside não no que o homem tem, mas no que o homem é."
Oscar Wilde

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A escritora

Para os fãs de RPG e terror, um conto antigo meu:


Dados lançados

Pedro estava entusiasmado. Iria pela primeira vez a uma sessão de Live, rpg ao vivo. Estava acostumado ao sistema de dados, mas aquela seria a chance para inovar. Vestiu uma calça preta, uma camisa branca com babados e uma capa, interpretariam um jogo de Vampiros, seu tipo preferido de cenário. Pertenceria a um clã nobre com origem na renascença. O convite para a sessão foi cercado por mistério, o recebeu através de uma comunidade na Internet, e foi recomendado a não espalhar o assunto, pois tratava-se de uma sessão secreta.
Pegou seu chaveiro de dados e correu para o carro. O encontro seria próximo ao sambódromo do Anhembi, no depósito de carros alegóricos. Ao chegar, a noite profunda, algumas pessoas circulavam com vela e a lua minguante brilhava no céu. Os carros alegóricos abandonados, sem brilho pela exposição ao vento e à chuva, tornavam o ambiente desolado e tétrido. Era assustador. Um calafrio percorreu seu corpo, mas não desistiu.
Recebeu as instruções de homens fantasiados de Arlequim, o rosto pintado pela maquiagem branca, a expressão facial estática.  A aventura se passaria na Europa, durante o carnaval, seu objetivo: resolver o enigma da Meia-Noite. 
Seguiu diversas pistas, uma mais sinistra do que a anterior, conduzindo-o ao interior do terreno, embrenhando na selva de alegorias acabadas. A última pista o levou a um carro alegórico de um dirígivel, retratava a história da aviação. Mesmo com a respiração pesada, Pedro avançou. Devia encontrar os inimigos em breve. O medo não o abandonava, como um pressentimento ruim martelando seu cérebro. Respirou fundo e seguiu, descobriria o enigma da meia-noite.
Ingressou em uma esquina sombria, ladeada por bonecos gigantes parcialmente destroçados. Sentia um ardor na nuca, como se estivesse sendo observado. Ciente do perigo, deu o próximo passo, mas mergulhou no escuro, com a cabeça coberta por um saco. O grito subiu pela sua garganta, mas foi contido à força. Lá ele não era mais um garoto, era um Vampiro, não havia espaço para medo. Quando pôde voltar a ver, suas mãos e pés já estavam amarrados. Encontrava-se cercado pelos mesmos Arlequins, desta vez, cada um deles com um punhal, cercado por velas.
- Na noite, nosso poder elevado, do sangue a vitória. – Pedro sentia um frio na barriga, algo estava errado, não queria mais jogar. Onde estavam os outros jogadores?
- Sob o luar, brindaremos,  nosso inimigo caído, e mais uma vez o sangue. – Pedro não podia mais ouvir, clamava por socorro, cansado da brincadeira. Temia por sua vida, temia muito.
- Sua vida, nosso presente. Sua morte, o enigma da meia-noite. – O último falou, castigando Pedro com o punhal em seu pescoço, a jugular cortada e a vida esvaindo. Pedro tentou falar, mas não adiantava, sua voz não tinha força, enfrentando em vão as ondas de sangue quente. Pedro perdeu.

Natália C. Azevedo

5 comentários:

  1. Gostei da ambientação do conto. Os carros alegóricos e o tema carnavalesco, para mim, criaram um ambiente perfeito de medo. Eu teria duas sugestões, se permite.
    Acho que o fim não necessitaria ser tão explícito. Talvez, a descrição das sensações do personagem na hora da morte tivessem mais impacto que a descrição do sangue. É uma impressão.
    A segunda é: acho que você tem material para fazer um conto maior =D

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  2. Obrigada pelo comentário! Eu tbm acho que esse conto renderia algo maior, mas o escrevi numa proposta de mini conto (na verdade ele ficou muito grande, rs). Quanto ao final, fiquei mesmo em dúvida se colocava ou não o sangue. Beijos

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  3. Na verdade gostei do nome circo da pulga é que gosto de escrever sobre elas...

    http://paradigmasuniversal.blogspot.com/

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  4. que maaaaaassa!!! eu que vou participar de um live na próxima segunda vou ficar mais atenta hahaahhaha
    concordo com a nika! e dê continuidade, fiquei morta de curiosidade sobre o tal grupo de arlequins!!!!

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  5. Obrigada, Bibs!
    Toma cuidado, hein?? Se tiver um arlequim por lá, foge! Beijos

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