Dados lançados
Pedro estava entusiasmado. Iria pela primeira vez a uma sessão de Live, rpg ao vivo. Estava acostumado ao sistema de dados, mas aquela seria a chance para inovar. Vestiu uma calça preta, uma camisa branca com babados e uma capa, interpretariam um jogo de Vampiros, seu tipo preferido de cenário. Pertenceria a um clã nobre com origem na renascença. O convite para a sessão foi cercado por mistério, o recebeu através de uma comunidade na Internet, e foi recomendado a não espalhar o assunto, pois tratava-se de uma sessão secreta.
Pegou seu chaveiro de dados e correu para o carro. O encontro seria próximo ao sambódromo do Anhembi, no depósito de carros alegóricos. Ao chegar, a noite profunda, algumas pessoas circulavam com vela e a lua minguante brilhava no céu. Os carros alegóricos abandonados, sem brilho pela exposição ao vento e à chuva, tornavam o ambiente desolado e tétrido. Era assustador. Um calafrio percorreu seu corpo, mas não desistiu.
Recebeu as instruções de homens fantasiados de Arlequim, o rosto pintado pela maquiagem branca, a expressão facial estática. A aventura se passaria na Europa, durante o carnaval, seu objetivo: resolver o enigma da Meia-Noite.
Seguiu diversas pistas, uma mais sinistra do que a anterior, conduzindo-o ao interior do terreno, embrenhando na selva de alegorias acabadas. A última pista o levou a um carro alegórico de um dirígivel, retratava a história da aviação. Mesmo com a respiração pesada, Pedro avançou. Devia encontrar os inimigos em breve. O medo não o abandonava, como um pressentimento ruim martelando seu cérebro. Respirou fundo e seguiu, descobriria o enigma da meia-noite.
Ingressou em uma esquina sombria, ladeada por bonecos gigantes parcialmente destroçados. Sentia um ardor na nuca, como se estivesse sendo observado. Ciente do perigo, deu o próximo passo, mas mergulhou no escuro, com a cabeça coberta por um saco. O grito subiu pela sua garganta, mas foi contido à força. Lá ele não era mais um garoto, era um Vampiro, não havia espaço para medo. Quando pôde voltar a ver, suas mãos e pés já estavam amarrados. Encontrava-se cercado pelos mesmos Arlequins, desta vez, cada um deles com um punhal, cercado por velas.
- Na noite, nosso poder elevado, do sangue a vitória. – Pedro sentia um frio na barriga, algo estava errado, não queria mais jogar. Onde estavam os outros jogadores?
- Sob o luar, brindaremos, nosso inimigo caído, e mais uma vez o sangue. – Pedro não podia mais ouvir, clamava por socorro, cansado da brincadeira. Temia por sua vida, temia muito.
- Sua vida, nosso presente. Sua morte, o enigma da meia-noite. – O último falou, castigando Pedro com o punhal em seu pescoço, a jugular cortada e a vida esvaindo. Pedro tentou falar, mas não adiantava, sua voz não tinha força, enfrentando em vão as ondas de sangue quente. Pedro perdeu.
Gostei da ambientação do conto. Os carros alegóricos e o tema carnavalesco, para mim, criaram um ambiente perfeito de medo. Eu teria duas sugestões, se permite.
ResponderExcluirAcho que o fim não necessitaria ser tão explícito. Talvez, a descrição das sensações do personagem na hora da morte tivessem mais impacto que a descrição do sangue. É uma impressão.
A segunda é: acho que você tem material para fazer um conto maior =D
Obrigada pelo comentário! Eu tbm acho que esse conto renderia algo maior, mas o escrevi numa proposta de mini conto (na verdade ele ficou muito grande, rs). Quanto ao final, fiquei mesmo em dúvida se colocava ou não o sangue. Beijos
ResponderExcluirNa verdade gostei do nome circo da pulga é que gosto de escrever sobre elas...
ResponderExcluirhttp://paradigmasuniversal.blogspot.com/
que maaaaaassa!!! eu que vou participar de um live na próxima segunda vou ficar mais atenta hahaahhaha
ResponderExcluirconcordo com a nika! e dê continuidade, fiquei morta de curiosidade sobre o tal grupo de arlequins!!!!
Obrigada, Bibs!
ResponderExcluirToma cuidado, hein?? Se tiver um arlequim por lá, foge! Beijos