Frase da Semana

"A verdadeira perfeição do homem reside não no que o homem tem, mas no que o homem é."
Oscar Wilde

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Crítica - Casa Glass



Uma cidade assustadora. Os vampiros dominantes e os humanos precisando de proteção ou podem acabar como petisco. Esta é Morganville. Uma cidade com aparência tranquila, mas que de noite, se transforma num lugar terrível.
Caire Danvers é uma garota superdotada, que aos 16 anos (quase 17, conforme ela insiste) ingressa na faculdade. Seus pais proibiram que ela fosse para longe, estudar em grandes universidades como Yale ou MIT, logo ela acaba em Morganville, numa universidade pequena, que se tornará o início de seus pesadelos.
No começo do livro, já encontramos a protagonista numa situação difícil, as roupas jogadas pelo cano, brigando com Mônica (uma bonitona rainha do bullying) e moniquetes, como ela apelida o séquito desprezível da moça.
Consequência: Claire apanha e se vê obrigada a fugir do alojamento estudantil e buscar um outro lugar para morar, na cidade. Ela consegue uma vaga na Casa Glass (Editora Underworld, 286 páginas), onde conhecerá Eve, Shane e Michael, seus novos amigos um tanto quanto estranhos.
Rachel Caine nos conduz pela história com um talento indiscutível. Ela traduz emoções e lugares no papel muito bem, e acabamos devorando o livro em pouco tempo, tal a fluidez de sua escrita.
No entanto a trama é falha e fraca.
Os pais superprotetores de Claire nunca tinham visitado Morganville antes? Deixariam a filha de 16 anos morar em um lugar desconhecido, por mais perto que fosse?
Claire, a garota superdotada, com uma inteligência acima da média, frequentemente tem atitudes estúpidas. Que tipo de superdotado acredita ser capaz de criar uma réplica perfeita de um livro ancião em casa e passar pela aprovação de vampiros? Talvez uma versão Chuck Norris livreiro conseguiria, mas qualquer pessoa racional percebe ser uma tarefa impossível, daquelas que passa pela cabeça num momento de desespero, mas é instantaneamente substituída por outra melhor.
Que tipo de pessoa vê sua vida ameaçada seriamente e decide ficar e correr o risco? Depois isto é corrigido, pois vão aparecendo impecilhos morais para ela fugir, no entanto, no início, não há motivo suficientemente forte que a prenda, exceto um suposto orgulho, muito pouco para alguém arriscar a pele.
Quais laboratórios de química exibem galões de Nitrogênio líquido disponíveis vazios, leves e portáteis?
Uma série de atitudes incongruentes nos desanimam durante a leitura, o que torna toda a trama artificial. Apesar de ser bem escrito, não povoa nosso imaginário, fica apenas como algo do livro, sem sair das páginas e ganhar vida, como uma boa trama, mesmo de ficção faz.
Os outros personagens me cativaram um pouco mais. Eve é uma gótica gentil,  real, do tipo que acreditamos que possa existir. Shane é engraçado, doce e bonito, daqueles garotos que torcemos os lábios para as atitudes idiotas, mas damos sorrisos de encanto quando eles viram as costas.
E Michael, cheio de mistérios, com uma história pessoal interessante relacionada a Casa Glass, nos deixa curiosos por sua história.
Mesmo assim, seus atos nos decepcionam frequentemente. Mas pelo menos eles não são superdotados.
Gostei dos vampiros. Maldosos, sanguessugas, unicamente interessados no próprio benefício, sem problemas morais em quebrar pescoços humanos. Algumas dúvidas sobre a natureza deles, hábitos e limitações ficaram, mas devem ser respondidas nas continuações.
O final foi abrupto. Fiquei curiosa para a continuação, saber quem são os novos personagens que surgem e como tudo continua.
Recomendo o livro para fãs de YA, que queiram se distrair, mas sem pensar excessivamente. Quanto mais refletimos sobre os detalhes, mais decepcionados ficamos com a obra. Entretanto, a escrita deliciosa da autora e os personagens secundários muito bem trabalhados, nos fazem continuar a leitura e soltar um sorriso ao final.
Um parabéns a editora, pela excelente diagramação do livro, capa linda e folhas amareladas que nos garantem uma leitura agradável. Não achei a tradução ruim, como muitos falaram,  e não encontrei erros de revisão que incomodassem.  Excelente trabalho! Também agradeço pela oportunidade do booktour. 

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